sexta-feira, 2 de março de 2018

                        Os novos desafios da Aprendizagem no século XXI

                Vivemos em um mundo globalizado onde a informação e a comunicação "on line" interferem diretamente na forma de  conviver, pensar e aprender. Cada vez mais precocemente as crianças entram em contato com o mundo virtual, que, por sua vez, pode atrair mais a  sua atenção do que o mundo real...                 
                Neste cenário também temos observado uma mudança na forma de convivência das famílias atuais: através de grupos em redes sociais , se organizam festas de aniversário, eventos e comunicações que anteriormente eram feitas "ao vivo e a cores" nos almoços de domingo na casa dos avós...Crianças ganham seu telefone celular cada vez mais cedo, aos 5 ou 6 anos e já estão "conectadas".                     
                 As escolas também se utilizam desta conectividade a serviço da comunicação entre pais e professores, o que em alguns contextos, tem causado uma indiferenciação dos limites na atuação de cada um... O que deveria ser uma ferramenta útil para apoiar a aprendizagem acaba por causar situações,  não raras as vezes,conflituosas na convivências entre as pessoas .
                 Pensar que impacto a intensidade de ação deste mundo virtual pode estar causando no processo de aprendizagem tem sido objeto de estudo de educadores, neurocientistas, professores,psicólogos e psicopedagogos pelo mundo afora. O desenvolvimento infantil, seja no âmbito cognitivo ou emocional, mantem padrões de décadas atrás. Porém, na aprendizagem a escola tem sido obrigada a modificar suas técnicas de ensino. Fala-se de "escola do futuro", entretanto, este futuro é agora: nossas crianças e adolescentes já nasceram em um mundo informatizado e conectado. É preciso então, com urgência  refletir para equilibrar a prática educativa, tanto no âmbito escolar como familiar.
               As tarefas relacionadas a educação formal escolar continuam sendo muito parecidas nos últimos  50 anos, porém, a sociedade em tem solicitado muitas diferentes competências, relacionadas ao raciocínio lógico, compreensão leitora e habilidades sócio-emocionais, na medida em que a questão do conteúdo e da informação está muito disponível "on line".. Aos professores e alunos cabe aprimorar o uso das ferramentas de tecnologia serviço da Aprendizagem e do desenvolvimento de autoria do pensamento.
               O gosto pela leitura é um exemplo de aprendizagem fundamental que a escola e a família devem priorizar, em tempos de alunos poliglotas e internautas. Esta aprendizagem está ligada ao convívio e ao vínculo afetivo: lemos algo que "alguém " escreveu...escrevemos algo para "alguém" ler... As histórias se constroem a partir das pessoas e não das máquinas... Então é possível afirmar que algumas aprendizagens só se consolidam na interação entre as pessoas. O vínculo professor/aluno e aluno /aluno sempre serão insubstituíveis. Podemos usar aplicativos e programas de computador que ajudem no  treino e exercício de aprendizagem , mas apenas alcançarão o nível técnico. A gosto e o prazer se constroem através da interação entre pessoas e pelo vínculo afetivo. A graça e a leveza da poesia , por exemplo, se apreendem através da interpretação de um leitor que inspira as crianças ao contar histórias em forma de rima, ao compor músicas que fazem sentido no dia a dia. A sensibilidade das palavras ajuda na construção da subjetividade de cada ser humano. No século XIX Freud já dizia que o discurso e a fala organizam o espaço mental do ser humano...quem dirá hoje em dia onde tantas imagens invadem nossas vidas...
            Um outro aspecto importante se refere a Aprendizagem na área da  Matemática: em tempos de jogos digitais e cartões eletrônicos, o uso de cálculo mental e dados para jogos de tabuleiro vem sendo cada vez menos utilizados pelas crianças e adolescentes no cotidiano. Se por um lado se desenvolvem novas habilidades como atenção concentrada e destreza manual, se perdem o treino e a fixação de cálculo mental por estimativa e decomposição. As crianças se habituam a fazer contas pela calculadora digital e a escola precisa se dedicar a inserir o exercício no dia a dia. Como dizia o filósofo Confúcio , no século IX a.C. : " o que eu ouço, esqueço...o que eu vejo, lembro...mas é fazendo que eu aprendo". O exercício como forma de consolidação das aprendizagens da Matemática continua sendo fundamental no Ensino Fundamental.
                     Enfim, como atualizar a escola e o ensino neste mundo do século XXI?Como compreender e otimizar o processo de Aprendizagem nestes tempos tecnológicos?
                Esta é uma pergunta em constante processo de reflexão... Importante considerar sempre que o ser humano aprende a ser HUMANO na convivência e no vínculo. Seja em uma tribo no meio da floresta, uma cidadezinha do interior de Minas ou em grandes metrópoles como São Paulo , as crianças e as famílias vão se construindo a partir do entrelaçamento de histórias de vida. Os padrões culturais e sociais interferem no funcionamento da sociedade e a escola deve fazer parte deste constante "pensar" sobre como é viver em tempos de pós-modernidade. Continuemos nesta busca....






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